A Igreja do novo milênio quer se parecer cada vez mais com a Igreja dos
primeiros tempos do cristianismo. Não se trata de uma volta atrás. Trata-se,
isso sim, de uma volta às fontes. Já vimos na última edição que a Igreja
retratada no livros dos Atos dos Apóstolos era totalmente dedicada à Palavra, ao
Testemunho e à Missão.
Trazendo mais uma característica da Igreja primitiva (a Igreja nas casas),
queremos salientar que a Igreja do novo milênio é chamada a estar mais presente
nas casas e ser Igreja da comunhão.
IGREJA QUE NASCE DAS
CASAS
Pelo estudo e reflexão que estamos fazendo dos Atos dos Apóstolos, nestes
dois primeiros anos do novo milênio, queremos resgatar a importância da
Igreja-Casa. É a Igreja-Família. É também a Igreja-Grupos de Reflexão. Não se
trata de desprezar ou substituir a Igreja-Templo. O que fazemos ou celebramos
nos templos de nossas comunidades é muito bom para nos enriquecer e fortalecer
na fé. Mas é muito pouco para se poder atingir o objetivo do projeto SINM (Ser
Igreja no Novo Milênio), que é: “renovar a consciência da identidade e da missão
da Igreja”.
Não se pode esquecer que a Igreja de Jesus Cristo nasceu nas casas.
Jesus entrou nas casas da Palestina para ensinar multidões, para aproximar-se de
pobres e pecadores, curar doentes, ressuscitar mortos. Do mesmo modo, os
Apóstolos iam de casa em casa, anunciando o Evangelho (At 5,42). Era nas casas e
pelas casas que repartiam o pão (At 2,46). Na casa de Cornélio (At 10,2), de
Lídia (At 16,15), de Crispo (At 18,8) e de muitos outros, nascia a Igreja.
A expressão “ele/ela e toda a sua casa” servia para dizer que
toda a família, também crianças e escravos ou empregados e até parentes mais
próximos, aderiam à fé em Jesus Cristo e eram batizados.
A IGREJA DOMÉSTICA
A palavra “casa” aparece muitas vezes no livro dos Atos dos Apóstolos. Essa é
uma clara indicação de que a Igreja nascia nas casas. Esse é, de fato, o
primeiro lugar onde acontece a Igreja.
Antes de tudo, a Igreja é doméstica, caseira. Naqueles tempos ainda
não havia templos, basílicas, santuários, igrejas. Hoje somos muito tentados a
nos encontrar nesses espaços que existem fora de nossas casas. Mas não nos
encontramos, como Igreja, no espaço mais belo e íntimo, que é a nossa própria
casa.
A grande Igreja de Jesus Cristo, que está presente em todo o mundo,
que é ao mesmo tempo universal e diocesana, começa a se formar e a acontecer nas
casas dos cristãos.
Em cada casa, acontece a Igreja. Nela, o pai ea mãe são sacerdotes,
catequistas, ministros da bênção para os filhos/as e da comunhão da família.
Nela, adultos e crianças, idosos e jovens, são discípulos, aprendizes da fé e da
escuta da Palavra divina. Pais e filhos são verdadeira família de Deus, na
oração e no diálogo, no perdão e na compreensão.
A família é uma pequena Igreja. A Igreja, uma grande família. A
família é a mais básica expressão humana da comunhão trinitária divina. Ela é
símbolo do amor de Deus-Trindade.
IGREJA-CASA: LUGAR DE
APRENDIZADO
Certamente, a Igreja é uma só. É a assembléia convocada pela palavra e pelo
testemunho do único salvador Jesus Cristo. Mas, se a Igreja, mais do que para
conhecer doutrinas, serve para viver valores, para indicar os caminhos da vida,
para educar no amor e na justiça, pode-se então perguntar: qual é o lugar mais
propício ou favorável para se fazer a experiência de Deus, de seu amor, da
justiça, da partilha, do perdão? É a igreja-templo ou a igreja-casa? Se o melhor
aprendizado, como nos afirmam os pedagogos, acontece na experiência e na vida,
mais do que por conceitos e conhecimentos, é preciso concluir que é nas casas
que precisamos aprender a viver nossa fé.
Pe. Vitor G. Feller
|
terça-feira, 9 de julho de 2013
IGREJA NAS CASAS
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário