terça-feira, 9 de julho de 2013

IGREJA NAS CASAS

 
A Igreja do novo milênio quer se parecer cada vez mais com a Igreja dos primeiros tempos do cristianismo. Não se trata de uma volta atrás. Trata-se, isso sim, de uma volta às fontes. Já vimos na última edição que a Igreja retratada no livros dos Atos dos Apóstolos era totalmente dedicada à Palavra, ao Testemunho e à Missão.
Trazendo mais uma característica da Igreja primitiva (a Igreja nas casas), queremos salientar que a Igreja do novo milênio é chamada a estar mais presente nas casas e ser Igreja da comunhão.
IGREJA QUE NASCE DAS CASAS
Pelo estudo e reflexão que estamos fazendo dos Atos dos Apóstolos, nestes dois primeiros anos do novo milênio, queremos resgatar a importância da Igreja-Casa. É a Igreja-Família. É também a Igreja-Grupos de Reflexão. Não se trata de desprezar ou substituir a Igreja-Templo. O que fazemos ou celebramos nos templos de nossas comunidades é muito bom para nos enriquecer e fortalecer na fé. Mas é muito pouco para se poder atingir o objetivo do projeto SINM (Ser Igreja no Novo Milênio), que é: “renovar a consciência da identidade e da missão da Igreja”.
Não se pode esquecer que a Igreja de Jesus Cristo nasceu nas casas. Jesus entrou nas casas da Palestina para ensinar multidões, para aproximar-se de pobres e pecadores, curar doentes, ressuscitar mortos. Do mesmo modo, os Apóstolos iam de casa em casa, anunciando o Evangelho (At 5,42). Era nas casas e pelas casas que repartiam o pão (At 2,46). Na casa de Cornélio (At 10,2), de Lídia (At 16,15), de Crispo (At 18,8) e de muitos outros, nascia a Igreja.
A expressão “ele/ela e toda a sua casa” servia para dizer que toda a família, também crianças e escravos ou empregados e até parentes mais próximos, aderiam à fé em Jesus Cristo e eram batizados.
A IGREJA DOMÉSTICA
A palavra “casa” aparece muitas vezes no livro dos Atos dos Apóstolos. Essa é uma clara indicação de que a Igreja nascia nas casas. Esse é, de fato, o primeiro lugar onde acontece a Igreja.
Antes de tudo, a Igreja é doméstica, caseira. Naqueles tempos ainda não havia templos, basílicas, santuários, igrejas. Hoje somos muito tentados a nos encontrar nesses espaços que existem fora de nossas casas. Mas não nos encontramos, como Igreja, no espaço mais belo e íntimo, que é a nossa própria casa.
A grande Igreja de Jesus Cristo, que está presente em todo o mundo, que é ao mesmo tempo universal e diocesana, começa a se formar e a acontecer nas casas dos cristãos.
Em cada casa, acontece a Igreja. Nela, o pai ea mãe são sacerdotes, catequistas, ministros da bênção para os filhos/as e da comunhão da família. Nela, adultos e crianças, idosos e jovens, são discípulos, aprendizes da fé e da escuta da Palavra divina. Pais e filhos são verdadeira família de Deus, na oração e no diálogo, no perdão e na compreensão.
A família é uma pequena Igreja. A Igreja, uma grande família. A família é a mais básica expressão humana da comunhão trinitária divina. Ela é símbolo do amor de Deus-Trindade.
IGREJA-CASA: LUGAR DE APRENDIZADO
Certamente, a Igreja é uma só. É a assembléia convocada pela palavra e pelo testemunho do único salvador Jesus Cristo. Mas, se a Igreja, mais do que para conhecer doutrinas, serve para viver valores, para indicar os caminhos da vida, para educar no amor e na justiça, pode-se então perguntar: qual é o lugar mais propício ou favorável para se fazer a experiência de Deus, de seu amor, da justiça, da partilha, do perdão? É a igreja-templo ou a igreja-casa? Se o melhor aprendizado, como nos afirmam os pedagogos, acontece na experiência e na vida, mais do que por conceitos e conhecimentos, é preciso concluir que é nas casas que precisamos aprender a viver nossa fé.
Pe. Vitor G. Feller

Nenhum comentário:

Postar um comentário